O dia em que assisti a um jogo na torcida dos Framengo

Em homenagem ao pentacampeonato rubro-negro, recordo a primeira e (espero) única vez em que assisti a um jogo do menguinho no meio da MAIOR TORCIDA DO “MUNDU”.

upload – Pra quem tá chegando no espaço agora, sou Tricolor de Coração, filho e neto de rubros-negros – o outro avô era América, mas aí não conta. Aquele avô foi, inclusive, corredor pelo Flamengo. Mas graças ao meu relapso pai, meu tio fez a minha cabeça e me tornei um distinto torcedor do Fluminense Football Club – fecha upload.

Outubro de 2007. Ciceroneava uma mexicana pela cidade. Cristo, Pão de Açúcar, praia… Ela quis ir ao Maracanã, mas naquela semana o único jogo era Flamengo x Corinthians, pelo Brasileiro. Sob o comando do papai Joel Santana o menguinho vinha de uma arrancada incrível, da rabeira rumo ao G-4. É bom lembrar que o time tinha jogos atrasados e levava a vantagem ao saber quais resultados precisava. Já o timãozinho lutava desesperadamente contra o rebaixamento, o que se concretizou na última rodada para alegria da nação.

Fomos com a galera do hostel da mexicana em uma van. Hostels e agências de viagem funcionam como “cambistas oficiais”. Eles sempre têm ingressos para jogos cujas entradas se esgotam, como era o caso daquela partida. Os bilhetes geralmente são adquiridos por fora, com pessoas de dentro do Maracanã. Além disso, praticam ilegalmente a venda casada (ingresso + transporte). E vendem bilhetes de meia-entrada como se fossem de inteira. É pegar ou largar.

Sabia onde estava me metendo e tentei sem sucesso passar em casa pra deixar minha câmera. Para a segurança da turistada, chegamos 2 horas antes da bola rolar. Dois flanelinhas quase se estapearam quando a van chegou. O estádio ainda estava vazio e ambulantes tentavam vender camisas falsificadas. A mexicana quis a do Flamengo. Proibi. Já havia explicado para ela o significado daquele clube. Não poderia permitir que ela levasse uma recordação tão ruim do nosso país. O camelô ficou puto, o que me deixou ainda mais orgulhoso da minha boa ação.

A favelada foi chegando e os gritos se intensificando. Só consegui acompanhar o “ão-ão-ão segunda divisão” pros curintiano. Cantava baixinho “Tu és, time de otário e cuzão! Puta, viado e ladrão! Adeus Mengoooo”. Estava numa situação realmente difícil. Apesar de dois times malditos não me restava outra opção senão torcer contra o Flamengo. Esta foto expressa um pouco o meu sentimento.

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Percebi que minha manifestação de carinho havia despertado suspeitas e comentários de pessoas próximas e pouco amistosas. Parei antes de ser desmascarado, até porque a bateria da câmera tinha acabado. O jogo começou e o Curintia marcou. Tive que me conter. O menguinho empatou. Desespero! Veio a virada com uma pancada do Roger Chinelinho. As pessoas começaram a se abraçar e antes que a gentalha encostasse em mim agarrei a mexicana com todas as forças. No final, lamentei um gol incrível perdido pelo curintia. Fim de jogo. Mais emoções estavam por vir.

Na frente do banheiro, um amigo em êxtase passou na minha frente e inacreditavelmente não notou a minha presença. Até hoje ele se lamenta de não ter me visto. Diz que se me notasse teria apontado pra mim e gritado “É tricolor!!!”. Talvez eu não estivesse aqui para contar isso. Que amigo… Uma das gringas (uma européia, acho) tinha perdido as sandálias e pisava descalça numa poça imensa perto do banheiro. Um playboy gritava “Ih, ih, ih, tá pisando no xixi”. Comovente.

Estava são e salvo na van. Um gringo perguntou onde seria a festa de halloween. Era dia das bruxas. Tudo a ver com aquele jogo. A guia criticou o cartaz do MV-Brasil, “Halloween é o cacete, Brasil país cristão”. O rádio tocava Jorge Vercílo.

Confira os melhores momentos do jogo na narração vibrante de Cleber Machado

17 ideias sobre “O dia em que assisti a um jogo na torcida dos Framengo

  1. @Tonkiel

    Rapaz, perder a sandália no maracanã deve ser uma experiência deveras traumática. Se bem que mexicano é tudo meio porcão mesmo…
    Framengo joga fora o resto de credibilidade que essa cidade ainda tinha.
    E tenho dito.
    ST

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  2. Biazinha Mansur

    Essa mulher tinha q valer mto à pena pra vc, hein, amiguinho?!
    Enfrentar uma situação perigosa e nojenta dessa é por a própria vida em risco.
    ST!

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  3. Lou

    RECALQUE ! ! Tricolete … se cagando pra não ir pra segunda divisão….e ainda acha que pode tirar onda…é um merda! fala do “playboy” como se não fosse um…
    tricolor Se contenta com pouco… é só isso que vcs conseguem!

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